O investimento de mais de R$ 53 milhões em obras de sinalização nas rodovias federais que cortam o Ceará tem gerado polêmica e levantado questionamentos por parte de especialistas, motoristas e políticos
Sinalização nas BRs do Estado do Ceará | Foto: José Nogueira
O montante, destinado à instalação e manutenção de placas, faixas e outros itens de sinalização nas BRs cearenses, está sendo alvo de críticas, principalmente devido à percepção de que outras áreas prioritárias de infraestrutura rodoviária estão sendo negligenciadas.
De acordo com dados obtidos através do portal da transparência, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) justificou o alto custo como necessário para garantir a segurança viária e reduzir acidentes. Contudo, motoristas que trafegam pelas rodovias alegam que muitos trechos continuam apresentando problemas graves, como buracos, falta de iluminação e ausência de acostamento, o que coloca em dúvida a prioridade dada à sinalização.
Buracos BR-116
Um dos trechos mais criticados é a BR-116, principal via de acesso ao leste do estado. Apesar de receber parte dos recursos para melhorias de sinalização, motoristas relatam que a rodovia ainda sofre com desníveis no asfalto e falta de manutenção básica. "Não adianta ter placas novas se o asfalto está cheio de buracos. O dinheiro poderia ser melhor aplicado", disse João Silva, caminhoneiro que utiliza a rodovia regularmente.
Situação semelhante é relatada na BR-122 e na BR-304, que também receberam investimentos em sinalização, mas continuam apresentando problemas de infraestrutura que comprometem a segurança dos usuários.
Para especialistas em transportes, ouvidos pelo Site Baixo Jaguaribe, o investimento em sinalização é importante, mas precisa ser acompanhado por melhorias na estrutura viária como um todo. "A sinalização é uma parte essencial da segurança no trânsito, mas, se as rodovias não oferecem condições básicas de trafegabilidade, o impacto será limitado. É necessário um planejamento mais equilibrado que contemple as reais necessidades das vias", afirmou o engenheiro Alexandre Menezes.
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Placa do Programa BR-legal 2 do DNIT na localidade de Boqueirão do Cesário em Russas, no Vale do Jaguaribe, Ceará | Foto: José Nogueira |
A revelação dos gastos também gerou indignação entre representantes políticos e organizações da sociedade civil, que pedem mais transparência e fiscalização na aplicação dos recursos públicos. "É preciso investigar se esses valores foram aplicados de forma eficiente e se estão realmente beneficiando os motoristas. Em um estado que enfrenta tantos desafios de infraestrutura, esses números precisam ser justificados", declarou um deputado estadual ouvido pela reportagem.
Enquanto isso, a população e os motoristas seguem cobrando ações mais abrangentes para garantir segurança e qualidade nas rodovias cearenses. Com as críticas ganhando força, o DNIT divulgou, através de uma placa, instalada na localidade de Boqueirão do Cesário, município de Russas, os dados sobre os investimentos em sinalização nas BRs do Ceará e os municípios cortados por essas rodovias:
Alto Santo;
Aracati;
Aracoiaba;
Banabuiú;
Beberibe;
Cascavel;
Chorozinho;
Iburetama;
Icapuí;
Jaguaribara;
Limoeiro do Norte;
Morada Nova;
Ocara;
Pacajus;
Palhano;
Quixadá;
Russas;
São João do Jaguaribe;
Tabuleiro do Norte.
A controvérsia sobre os R$ 53 milhões investidos acende um alerta para a necessidade de mais rigor no planejamento e execução de obras públicas, especialmente em áreas que afetam diretamente a vida dos cidadãos. Os recursos, segundo informou o DNIT, fazem parte do Programa BR-Legal 2, e são destinados as rodovias BR-116, BR-122 e BR-304. Ainda segundo o DNIT, totalizam 477 km de rodovias federais no Estado.
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